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segunda-feira, 6 de maio de 2013

A gravidez que não era real


A gravidez que não era real
Era domingo, mamãe e papai conversavam na sala de jantar sobre mim. Diziam que eu estava crescendo rapidamente e que era preciso tomar algumas providências ao meu respeito tais como conversar sobre sexo, namoro e, principalmente, sobre DST – doença sexualmente transmissível.
Eu fique no meu quarto a escutar a conversa. Minha mãe disse que eu estava namorando um menino da minha escola. Imediatamente, papai quis ir ao meu quarto tirar satisfações, mas mamãe o segurou e disse que era preciso apenas conversar comigo. Ainda bem que mamãe me salvou do poderoso chefão.
Eles continuaram a conversa e o que eu não queria aconteceu. Mamãe me chamou para conversar.
  • Isabel, venha aqui!
  • Sim, mamãe.
  • Você tem algo a nos dizer sobre o que está acontecendo na escola?
Não dava para esconder.
  • Tenho. Eu estou namorando o Daniel. Desculpa-me por não falar antes; era para ser surpresa.
  • Quer surpresa! Você quer dar um ataque cardíaco no seu pai?
  • Não; desculpa.
E mamãe acalmou o Seu Antônio, meu pai. Depois, explicou-me que não era para deixar o Dani querer fazer coisas além do beijo e que se acontecesse além do beijo, era para eu me cuidar.
  • Não. Este garotinho só toca na sua filhinha depois de casar.
  • Pai, não é pra tanto. Deixa de ser careta.
Depois disso, fomos dormir. Mas eu não consegui pegar no sono. Passei a noite pensando na conversa. Sabia que eu tinha dito a verdade, mas não havia contado tudo: eu havia feito sexo com o Dani. O problema é que eu não me cuidei.
No outro dia, contei para o Dani, com toda calma, que era possível que eu estivesse grávida. Ele me disse:
  • Não tá certo. Como vai ser sua vida? Eu só tenho dezenove anos e ainda curso a faculdade. Preciso me formar e depois me casar; não, agora não dá para ser pai.
  • Eu não vou tirá-lo. Ele é meu filho, tá. Ele não tem culpa da nossa burrada. Tu es um covarde.
Cuspi na cara dele e fui embora.
Depois contei aos meus pais. Mamãe me disse que “falou... falou... mas nada adiantou. O pior foi ouvi-la dizer que estava decepcionada comigo e ir para o quarto chorar.
  • Eu não acredito nisso. Cadê o seu sujeitinho de meia tigela? Cadê aquele que abusou da minha filha, hein?
  • Ele não quer mais saber de mim.
  • Sabia. Mas eu vou carregá-lo pelas orelhas e obrigá-lo a casar contigo.
  • Eu não quero, pai.
  • Não? Tá bom. Arruma suas coisas e vai embora da minha casa.
E fui. Sai de casa sem rumo. Morei debaixo da ponte. Só tinha duzentos reais para mim e o bebê. E foi nesta hora que me tocou a inteligência.
  • Espera aí. Eu não fiz o exame. Como vou saber se estou grávida ou não.
Fui para a farmácia torcendo para que o exame fosse negativo.
  • Ser mãe deve ser maravilhoso. Mas agora, não.
Eu não acreditei no resultado. Corri para casa e contei para eles. Eu não estava grávida. Por isso, meus pais me aceitaram de volta.
Passado algumas semanas.
  • Eu fiquei sabendo que você não está grávida. É verdade?
  • É sim. Mas se pensa que eu vou voltar para você, está muito enganado. Seu covardão!
E depois de meses comecei a namorar o Carlos. Este não era covarde. Fui apresenta-lhe aos meus pais. Eles gostaram dele. Mamãe olhou para mim e disse:
  • Aprendeu a lição. Não é, filha.
  • Sim. Sexo só com caminha.
Ketllem Caroline Mendes Flores. 7º ano. 2012.

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